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Eucaristia: aliança e comunhão

Por dom Amilton Manoel da Silva, CP

Entre as grandes celebrações do mês de junho, Corpus Christi se destaca pelo seu significado profundo. Comungar é uma necessidade para o cristão, porém cada Eucaristia que recebemos nos compromete com Cristo e com sua mensagem, nos levando a uma abertura responsável para com as pessoas, pois este “gesto humilde de Jesus é dom e partilha, nos mostrando que o objetivo da vida é doar-se e que a maior coisa é servir” (Papa Francisco).


Em Jeremias 31,31-34, vemos que Deus selou uma Aliança com seu povo, que ficou resumida aos dez mandamentos, mas quando Moisés demorou a vir, o povo, construindo um bezerro de ouro, rompeu a Aliança. Essa infidelidade foi se repetindo de geração em geração… Na Bíblia, a Aliança de Deus com o povo é comparada ao casamento e a infidelidade ao adultério. Os profetas anunciaram uma nova Aliança de Deus com o povo, uma Aliança duradoura, que seria feita com o seu próprio Filho.


Sendo Jesus o Filho de Deus, pela sua obediência ao Pai, a Aliança nunca poderia ser rompida, ela seria eterna. Foi essa a Aliança que Jesus celebrou na última ceia. Jesus selou uma nova e eterna Aliança com seu próprio sangue, na cruz. O Pai confirmou essa Aliança ressuscitando o Filho. Porém, cada ser humano deverá dar o seu sim a essa ação redentora de Jesus, para que a Salvação seja realizada entre nós.
Celebrando essa Aliança e renovando em cada Eucaristia, olhamos também para frente, antecipando o banquete eterno, aquele casamento que Jesus comparou várias vezes o reino de Deus. Essa Aliança deve ser vivida na obediência e no amor a Deus e ao próximo.


Em cada Missa ouvimos: “Este é o sangue da nova e eterna Aliança…” Palavras de Jesus na última ceia (cf. 1Cor 11,23-25). A Aliança iniciada com Abraão, que teve, na verdade, início com Adão e Eva – quando Deus submeteu a criação a eles e no Dilúvio – arco-íris, teve o seu ápice na última ceia, com Jesus Cristo que estabeleceu para sempre a nova Aliança com seu sangue. Pai e Filho são fiéis à Aliança e esta nunca mais será rompida. No entanto, nós rompemos essa Aliança feita conosco pelo Batismo, assim em cada Missa somos convidados a pedir perdão a Deus e a renovar o nosso compromisso com Ele.


Antes de se tornar pão, a semente do trigo é plantada, muitas mãos semeiam, muitas mãos colhem, muitas mãos fazem a farinha até amassar e tornar-se pão. O cacho de trigo é repleto de grãos, tudo isso lembra que uma única semente não dá pão, não dá Eucaristia. O milagre da comunhão faz o pão e a Eucaristia. Jesus falou dessa comunhão com Ele e entre nós, isto chamamos: Corpo Místico (1Cor 12; Rm 12,5; Ef 4,12); Edifício espiritual (Ef 2,19-22; 1Pd 2,5); a Videira verdadeira com os ramos (Jo 15,1-6); a Vinha do Senhor (Mt 21,33-43), o Rebanho e o Bom Pastor (Jo 10,1-18) – a IGREJA. Em tempos de sinodalidade é bom refletirmos sobre este mistério.


A finalidade da comunhão, com Cristo, na Eucaristia, não é somente a de nos unir a Ele, mas também a de unir-nos entre nós, irmãos, e fazer-nos amar o que Ele ama e como Ele ama. Dessa forma, a comunidade cristã não pode ser dividida e não deve marginalizar ninguém: “Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão” (1Cor 10,17).


Neste sentido, lembramos de São João Crisóstomo (séc. IV), perguntando aos cristãos de Constantinopla: “Quem somos? Somos o Corpo de Cristo. O que se tornam as partículas depois da consagração? O Corpo de Cristo. O que se tornam os cristãos, depois da comunhão? O Corpo de Cristo. Não muitos, mas um só. Comendo do Corpo de Cristo nos tornamos o Corpo de Cristo”. Essa experiência de salvação, envolveu os discípulos de Jesus ontem, e nos envolve hoje.


Que a solenidade de Corpus Christi nos leve à consciência de que nos tornamos aquilo que recebemos: Eucaristia viva! Colaboradores diretos do projeto salvífico de Deus, testemunhas de comunhão nas diferentes situações da vida. Vivamos eucaristicamente!

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