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Encontro da Pastoral da Ecologia Integral tem como tema a Campanha da Fraternidade 2025

Nos dias 5 e 6 de abril, foi realizado em Guarapuava, no Centro de Formação São Juan Diego, o II Encontro Regional da Pastoral da Ecologia Integral, promovido pelo Regional Sul 2 da CNBB. O evento contou com a assessoria do professor pós-doutor Telmo Pedro Vieira, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e reuniu lideranças, agentes de pastoral e religiosos engajados no cuidado com a Casa Comum.

Entre os temas centrais do encontro, estiveram em destaque a Campanha da Fraternidade 2025, o conceito de Ecologia Integral, inspirado na encíclica Laudato Si’, e a preparação para a Pré-COP 30, conferência climática prevista para acontecer no Brasil.

O encontro contou com a presença de Dom Donizeti de Souza, bispo referencial da Pastoral da Ecologia Integral no Regional Sul 2 da CNBB. Em sua fala, Dom Donizeti destacou a dimensão espiritual da conversão ecológica, como parte de uma mudança profunda no modo de viver.

“É importante pensarmos em Jesus Cristo, porque é Ele quem nos chama a essa mudança no modo de pensar, sentir e agir. Quando falamos em conversão integral, tocamos aquilo que há de mais profundo no ser humano: é sair do egoísmo para pensar mais no outro”, afirmou o bispo.

“Até mesmo a separação do lixo, por exemplo, é uma atitude concreta de amor ao próximo. A conversão ecológica passa também por uma conversão cultural, política e econômica, porque tudo está interligado.”

Dom Donizeti ainda ressaltou que a Campanha da Fraternidade 2025, que tem a ecologia integral como tema, chega em um momento decisivo para a humanidade: “A Terra está gritando, está pedindo socorro. Vivemos um momento crítico. Ou damos uma resposta, ou corremos o risco de não termos um amanhã como gostaríamos.”

O professor Telmo Vieira, que também é animador Laudato Si’ e membro ativo em sua comunidade, reforçou o papel profético da Igreja ao abordar questões ambientais. “A Igreja escolhe a Quaresma para a Campanha da Fraternidade porque é um tempo de reflexão mais profundo. As pessoas estão mais suscetíveis a olhar para a realidade social e ambiental”, explicou. “O problema não é falta de consciência. A maioria das pessoas percebe o que está acontecendo. O que existe é muita desinformação, negacionismo e, muitas vezes, resistência em falar sobre o tema”.

O professor chamou atenção para os impactos diretos das mudanças climáticas na saúde das populações, especialmente das mais vulneráveis: “Estamos vendo consequências graves, como as ondas de calor. Em 2023, mais de 60 mil pessoas morreram na Europa em apenas dois dias de calor. No ano seguinte, foram mais de 40 mil. Os mais afetados são idosos e crianças”, alertou.

“E a Igreja, quando fala disso, está cuidando da vida — que é dom de Deus. Não é sobre política ou ideologia. É sobre a criação que Deus nos confiou.”

Telmo criticou o modelo econômico atual, consumista, e a exploração ambiental descontrolada: “Nos últimos 50 anos, perdemos 73% da biodiversidade da Terra. As abelhas, por exemplo, estão desaparecendo por causa dos agrotóxicos. Sem abelhas, não há polinização. Sem polinização, não há alimento”, disse.

“Nós estamos contaminando toda a água profunda. Enquanto isso, o Brasil continua desmatando para plantar e exportar, e temos 30 milhões de pessoas passando fome. Isso é um contrassenso. A culpa não é do cidadão comum, mas dos governantes e de um sistema ganancioso”, apontou.

“E aqui, sem medo de ser feliz, eu não tenho político de estimação, mas o governo atual está dando um péssimo exemplo com a perfuração dos poços de petróleos. A França vem fazer média no Brasil, querer produzir floresta, mas fica explorando a África economicamente. A ganância está levando à destruição”, disse.

Ao concluir sua fala, o professor reforçou a centralidade da fé cristã no cuidado com a criação: “Não estamos aqui defendendo partidos ou ONGs. Estamos defendendo a obra de Deus. Ele criou tudo com sabedoria. Criou o ser humano por último, para que ele entendesse que depende da criação. A natureza vive sem o homem, mas o homem não vive sem a natureza.”

Pré-COP 30

Em preparação a COP 30 estará acontecendo no Brasil uma série de Pré-COPs em diferentes macrorregiões do país. Na região Sul, que são três regionais, será de 18 a 20 de julho de 2025, em Governador Celso Ramos/SC.

O Secretário Executivo da CNBB Regional Sul 2, padre Valdecir Badzinski, explicou que antes da Pré-COP o objetivo é que aconteçam nas dioceses momentos de reflexão.

“Faremos encontros diocesanos convidando lideranças da igreja, da sociedade civil, o secretário de meio ambiente de cada município, envolvendo a sociedade para um dia de reflexão sobre as realidades que a ecologia integral, socioambiental, água, clima e todo esse campo de reflexão da ecologia integral que incide sobre a vida humana. Nesse encontro diocesano vamos dialogar sobre toda essa realidade, não necessariamente para levar a Pré-COP, mas para refletirmos sobre a realidade na qual nós vivemos.”, disse.

Ainda de acordo com o padre Valdecir para a Pré-COP o Paraná tem 25 vagas garantidas, mas a ideia é pleitear mais vagas.

Jorge Teles com a colaboração da jornalista Ceci Maciel (Rádio Cultura Guarapuava)

Uma resposta

  1. Pessoalmente o encontro de 05 e 06 contribuiu para reafirmamos nossa concepção a NATUREZA COMO ESPELHO DE DEUS.
    Coletivamente o encontro mostrou uma posição das dioceses do Paraná bem conectadas com a orientação do Papa Francisco, sem negar muitas omissões de padres e leigos católicos sobre essa orientação de conversão ecológica materializada na Laudato’si.
    Ainda sobre o encontro e com base nas falas dos Bispos, padres e no professor da UFSC fica cada vez mais claro que dialogar sobre conversão ecológica exige além de conhecimento, muita coragem. O modelo hegemônico capitalista selvagem está enraizado até mesmo nos rincões além de negacionista, é truculento e não tem nenhum escrúpulo em destruir os recursos naturais para alimentarem seus vícios avarentos.
    Por fim, foi muito importante a socialização de experiências construídas localmente em cada diocese. Também ressalto a proposição de resumir os desafios e proposições de ações concretas elaboradas nos grupos e a ideia de concentrar numa ação concreta que já faço minha defesa que construimos o projeto ” Caminhando com fé junto as águas do Iguaçu ” ou nessa linha.
    Por todas essas construções é mais que justificável o esforço de todos na construção de pastorais de Ecologia Integral ( mesmo que sejam de três ou quatro lideranças ) em todas as paróquias. Precisamos massificar essa luta por uma ECOLOGIA INTEGRAL.

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