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Por uma Igreja Ministerial

Por dom Amilton Manoel da Silva, CP.

A diocese de Guarapuava, desde o mês de maio de 2023, iniciou um caminho bonito de evangelização através das Diretrizes Pastorais, criadas a partir da primeira etapa em preparação ao Sínodo dos Bispos, que foi o processo de escuta. Todos os batizados (as), da diocese, participaram da elaboração das Diretrizes, conscientes de que, nesta pós-pandemia da Covid-19, precisamos dar “uma forte arrancada” na ação evangelizadora e, para isso, necessitamos de um direcionamento comum.

Creio que as lideranças das 48 paróquias da diocese, juntamente com seus padres, já estão refletindo a forma de colocá-las em prática, levando em consideração a realidade paroquial. Para ajudar na reflexão aprofundaremos, nesta edição, o tema da ministerialidade. Agosto é o mês temático vocacional, e vocação e ministério se cruzam.

A palavra ministério vem do latim ministerium, cujo significado é “serviço”, “função particular” e “comunitária”. O Novo Testamento oferece amplas e diversas informações acerca dos carismas e ministérios que estão na base da estruturação da Igreja. Neste sentido, já a primeira carta aos Tessalonicenses recorda “aqueles que trabalham entre vós, que vos dirigem no Senhor e vos admoestam” (1Ts 5,12). Além disso, em diversas cartas, são Paulo enumera os dons, as atividades e as diversas funções na Igreja (Rm 12,6-8; 1Cor 12,4 –11; 28-31; 14,11-12). Dentre estas diversas atividades ou cargos, Paulo destaca três ministérios ou serviços: os apóstolos, os profetas e os doutores (1Cor 12,28; Ef 4,11)”.

Os ministérios se referem a Jesus Cristo, sacerdote, profeta e pastor; e aqueles que os assumem devem de dar a vida como Cristo a deu em favor da humanidade. Seu objetivo é construir, edificar e fazer crescer o Corpo do Senhor, que é a Igreja. O apóstolo Paulo lembra que “há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo; diversos modos de ação, mas o mesmo Deus que realiza tudo em todos. Cada um recebe o dom de manifestar o espírito para utilidade de todos”(1Cor 12,4-7), e que o maior dom é o amor (cf. 1Cor 13).

O Concílio Vaticano II (1962-1965) enfatizou que, a Igreja, para ser autenticamente evangélica e continuar a missão de Cristo, precisa estar inteiramente voltada para o serviço, havendo de ser toda ministerial, considerando a distribuição desses serviços (ou ministérios) como condição essencial da sua fidelidade ao Evangelho. O Documento 62 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas”, afirma que “o ministério é, antes de tudo, um carisma, ou seja, um dom do alto, do Pai, pelo Filho, no Espírito, que torna seu portador apto a desempenhar determinadas atividades, serviços e ministérios em ordem à salvação”.

No entanto, é bom salientar que todo carisma tem a dimensão de serviço, mas nem todo carisma é ministério. Deve ser considerado ministério o carisma que assume a forma de serviço bem determinado e que venha ao encontro das exigências permanentes da comunidade e da missão, com uma responsabilidade estável, e reconhecido pela comunidade eclesial (cf. CNBB, Documento 62, n. 85). O ministério representa uma atuação pública e oficial da Igreja, comportando modalidades e graus diversos.
Nesse sentido, os ministérios podem ser classificados como: “Reconhecidos”, (sem formalidade canônica); “Confiados”, conferidos por algum gesto litúrgico ou forma canônica, como, por exemplo, ministros da Sagrada Comunhão, da Palavra ou do Batismo; “Instituídos”, conferidos pela Igreja através do rito litúrgico, como Leitor e Acólito e “Ordenados”, conferidos através do Sacramento da Ordem: diaconado, presbiterado, episcopado.

Nos relatórios do Sínodo dos Bispos que chegaram de todas as Paróquias da Diocese e que possibilitaram a criação das Diretrizes Pastorais, a proposta foi a implantação de três ministérios: da Palavra, das Exéquias e do Catequista. Isso não impede a inserção de outros ministérios posteriormente. Vale lembrar que a nossa diocese é rica de cristãos que, conscientes dos compromissos batismais, colocam seus dons a serviço da vida. Inúmeras pastorais, movimentos e serviços tem expressado a sinodalidade e a missionariedade. Esses novos ministérios, com certeza, intensificarão o serviço evangelizador.

Que este mês vocacional ajude a todos na vivência da vocação, como graça de Deus e responsabilidade humana; e que, ao chamado do Senhor, nenhum cristão se recuse a servir com amor, generosidade e alegria. Afinal, só é possível manter um coração ardente por Deus e pelo evangelho, quando sabemos por onde caminhar.

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