Em 18 de junho de 2015 o Papa Francisco publicou a encíclica Laudato Si (Louvado sejas), orientando e inspirando os cristãos para o cuidar da natureza e “contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou”. Em 2025, ano em que o documento completará 10 anos, Campanha da Fraternidade trará novamente as questões do meio ambiente e do cuidado da casa comum em evidência. O tema escolhido foi “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31).
Em vista da ocasião, a Pastoral da Ecologia Integral do Regional Sul 2 da CNBB (PEI Sul 2) realizou nos dias 13 e 14 de abril o primeiro encontro presencial do Paraná, com os coordenadores diocesanos e paroquiais. Foi no Centro São João Diego, em Guarapuava, e participaram aproximadamente 60 pessoas, representado 15 das 18 dioceses paranaenses. O objetivo da reunião foi conhecer as pessoas que se dedicam à PEI em cada diocese, as diferentes realidades no estado, as iniciativas nas comunidades, escutar propostas e alinhar os trabalhos em nível estadual.
Dom Vicente Ferreira, bispo da diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão Especial de Ecologia Integral e Mineração da CNBB, e dom Aparecido Donizete de Souza, bispo auxiliar de Cascavel e referencial da PEI no Paraná, não puderam comparecer, mas gravaram vídeos exclusivamente para os participantes do encontro, com reflexões profundas sobre o assunto.
Com o tema “Ver, Iluminar e Agir: os passos para uma Ecologia Integral”, o conteúdo formativo procurou abordar todos os assuntos que norteiam a “caminhada ecológica” da Igreja. O padre Vagner Raitz, sacerdote da diocese de Palmas-Francisco Beltrão e assessor regional da PEI, iniciou ou trabalhos falando sobre a encíclica Laudato Si e o pensamento do Papa Francisco sobre o tema.
Josué Cassiano de Araújo, da diocese de Apucarana, fez um resgate das Campanhas da Fraternidade relacionadas à Ecologia Integral (2007, 2011, 2017).
Os articuladores da Economia de Francisco (EoF), Adaiane Giovanni, Graziele Luz, Rafael Crozatti, Rivea Medri e Rui Florêncio explanaram sobre a visão do Sumo Pontífice sobre o “compromisso no espírito de São Francisco, a fim de tornar a economia de hoje e de amanhã justa, sustentável e inclusiva, sem deixar ninguém para trás”.
No término do encontro os participantes assinaram uma carta se comprometendo a tornar a Ecologia Integral uma realidade nas paróquias e dioceses que representam e divulgar a mensagem contida da encíclica Laudato Si para cada vez mais pessoas. Também realizaram o plantio de um pinheiro araucária, árvore símbolo do Paraná, no Centro São João Diego. Nas próximas décadas, essa árvore será um marco vivo e lembrança do primeiro encontro presencial da PEI Sul 2.
Na diocese de Guarapuava
A Pastoral da Ecologia Integral, uma ideia nova e ainda pouco conhecida, por enquanto não tem coordenação diocesana na diocese de Guarapuava. Entretanto, algumas iniciativas nas paróquias, como as hortas comunitárias, estão amplamente inseridas dentro da proposta da Laudato Si e são a “semente” de um projeto que promete se tornar cada vez mais presente na vida das comunidades.
Vale destacar o trabalho realizado na paróquia Sant’Ana, de Laranjeiras do Sul, única com a Pastoral da Ecologia Integral e pioneira regional nas iniciativas que promovem o cuidado com o meio ambiente. A horta comunitária, inspirada pela Campanha da Fraternidade de 2023, sobre a fome, é uma realidade que movimenta os fiéis. Ainda em 2023, foi lançada a proposta de plantar pelo menos duas mudas de árvores frutíferas nativas, como jabuticabeiras, pitangueiras e uvaias, em cada uma das 46 comunidades da paróquia. Não apenas atingiram o objetivo como continuam plantando cada vez mais árvores e cuidando das mudas, que precisam de atenção por alguns anos, até que se fortaleçam.
No começo de 2024, com os casos de dengue chegando a números alarmantes, a PEI da paróquia Sant’Ana lançou uma campanha de conscientização sobre a doença, uma vez que a proliferação do mosquito transmissor, aedes aegypti, está diretamente ligada ao mau cuidado com o meio ambiente, principalmente por causa do acúmulo de lixo nas cidades.
Outra iniciativa que vale a pena divulgar é a gincana que a PEI realiza na paróquia com os catequizandos, familiares e comunidade em geral para coletar tampinhas de plástico, blisters (cartelas de medicamentos), caixas de leite, vidros e lacres de latinhas de alumínio para reciclagem. Além de separar esses materiais do lixo convencional, que acabaria nos aterros, eles podem ser doados para instituições beneficentes. Em Laranjeiras do Sul o Serviço de Obras Sociais (SOS) recebe parte das doações, bem como o Rotary Club, que transforma as caixas de leite em vedação para as casas de madeira de pessoas carentes da cidade e utiliza os valores recebidos com a venda das tampinhas para adquirir cadeiras de rodas para as pessoas necessitadas.
Quem coordenou a PEI em Laranjeiras do Sul até o início de abril foi Terezinha Penafiel. Ela representou a diocese de Guarapuava no encontro estadual, junto com as colegas Tereza Grzgbowski e Glaci Maia. Questionada sobre os possíveis métodos de implantação da PEI em outras paróquias, ela lembrou que as ações da Pastoral da Ecologia “são simples, mas necessárias”. Para ela, ações realizadas na catequese, como no dia da água e no dia da terra, podem fazer a diferença na conscientização dos fiéis e favorecer o diálogo sobre o assunto.
“A Pastoral da Ecologia Integral é uma ação que a gente precisa fazer, que é necessária. Nós estamos vendo a natureza, como ela está reagindo, e precisamos despertar para o cuidado com o meio ambiente em todas as nossas paróquias, para deixarmos algo melhor para os nossos descendentes. É um chamado do Papa Francisco, para cuidarmos da nossa casa comum e, dessa forma, cuidarmos do próximo”, finalizou.
Mauricio Toczek – Diocese de Guarapuava
Uma resposta
Foi maravilhoso poder encontrar gente disposta a trabalhar conosco nesta causa tão nobre e necessária. Que Deus abençoe e continue dando luz e discernimentos para esta tarefa tão divina, cuidar da casa comum e de todos que nela vive.