Sacerdote da Congregação do Verbo Divino (SVD), padre Ajay Kullu, completa no dia 9 de janeiro o seu jubileu de prata de ordenação sacerdotal.
Neste domingo, 12 de janeiro, às 9h30, acontecerá a Santa Missa celebrando os 25 anos de ordenação do sacerdote.
Padre Ajay nasceu em Sonajor, na Índia, no dia 12 de junho de 1973. Vindo da diocese de Naviraí (MS), chegou em Guarapuava em 2022 e no dia 19 de março desse ano tomou posse como pároco da Paróquia Santa Teresinha.
Filho de Boas Kullu e Susana Kullu, irmão de George, Herman, Patrick, Marianus, Rita e Matilda, é o único sacerdote missionário na família. “Tenho três primas freiras, uma é das Irmãs Paulinas, outra é Agostiniana e ainda outra é da congregação das Irmãs da Caridade da Madre Teresa de Calcutá. As três são mais novas que eu. Um primo meu, de segundo grau, ordenou-se padre diocesano há três anos”, contou padre Ajay.
O sacerdote revelou que a sua vocação foi muito bem aceita por seus pais. “Meus pais gostaram da ideia, gostaram muito da ideia, aliás. Nós somos cinco irmãos e duas irmãs, e eles [os pais] queriam doar pelo menos um para a igreja. Meu pai ficou super feliz”.
De acordo com o sacerdote seu pai o apoiou muito através da oração. “Desde que entrei no seminário ele sempre rezava pela minha vocação, rezava para que eu chegasse um dia ao sacerdócio e que perseverasse e não desistisse. Depois da minha ordenação eles queriam que eu ficasse perto deles pelo menos os primeiros anos de meu sacerdócio, enquanto estivessem vivos, mas meu destino missionário foi longe. Vim para o Brasil”.
Padre Ajay já estava no Brasil quando seu pai adoeceu e ele viajou para a Índia visita-lo. “Fiquei durante 20 dias com ele e o acompanhei. Nos últimos dias da sua vida ele disse: não tenho herança para te dar, não tenho herança para te deixar, mas a minha oração é a herança, e o terço que eu tenho e que rezei por você. Então, tudo isso me emociona e agradeço muito a Deus por isso”. Era vontade de seu pai que padre Ajay realizasse o seu enterro.
“Com a minha mãe não foi diferente. Ela falava, você veio para realizar o enterro do seu pai, será que vai vir também para fazer o meu enterro? Também foi possível realizar sua vontade”, contou.
Padre Ajay estava no Brasil quando recebeu a notícia do falecimento de sua mãe. “Viajei e deu certo, deu tempo de eu chegar para realizar também o enterro da minha mãe. Diante disso, hoje eu entendo que foi resultado também da minha oração. Deus atendeu o pedido do meu pai e minha mãe e assim também ouviu o meu pedido. Eu agradeço a Deus pelos meus pais e rezo para que descansem em paz. E que lá do céu continuem apoiando meu ministério, minha vocação e a minha missão”.
Sobre o despertar da vocação foi algo simples e começou em casa, ainda na sua infância. “O meu pai dirigia a oração da família toda noite antes de jantarmos. Recitávamos o terço, rezávamos todas as orações da Igreja, liámos um trecho da Bíblia. Eu e minha irmã preparávamos um altarzinho para pôr a imagem de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro com velas e flores. Rezávamos também ladainha de Nossa Senhora. Acabei quase decorando a ladainha de tanto rezar”, brincou o sacerdote.
Padre Ajay também contou que na escola todos os dias antes de iniciar a aula tinha catequese sobre a religião e que na igreja, toda a primeira sexta-feira, ia para a paróquia junto com outros colegas e lá acampavam de sexta para sábado. “Tinha adoração e confissão. Eu gostava. O ostensório chamava a minha atenção. Logo depois, tinha filmes sobre os santos, histórias da Bíblia. Tudo isso me motivou, inspirou para posteriormente eu ingressar no seminário”.
Padre Ajay disse que admirava o que os padres Missionários do Verbo Divino faziam naquela época. “Rezar a missa, visitar os doentes, dar retiros, palestras e aulas nas escolas e vilarejos e ajudar os mais pobres”.
Outra lembrança do padre Ajay foi de algumas irmãs religiosas arrumando o altar, colocando uma bíblia e uma frase em frente a esse altar: ‘A messe é grande mas os operários são poucos’. “Isso chamou a minha atenção, eu me perguntava onde faltam operários, poderia eu ajudar? Mais tarde fui entendendo que era na vinha do Senhor, lá faltavam os operários”. As irmãs, freiras, segundo padre Ajay, visitavam as casas, davam catequese e assim, disse, conheceu e aprendeu a amar as coisas de Deus.
Padre Ajay também contou que o seu pároco naquela época, um sacerdote alemão, queria que ele ingressasse em um seminário diocesano por estar próximo. “Eu, porém, quis ingressar no Verbo Divino, queria ser um missionário. Na época, meu pai tinha a assinatura de uma revista católica que divulgava os carismas e contatos de muitas congregações. Me interessei e me identifiquei com o carisma verbita. Eu rezava muito, rezava o terço todos os dias. Rezava pelo meu estudo, rezava por qualquer situação que eu necessitava e sempre recebia a graça. Escolhi, portanto, o sacerdócio para me dedicar a uma vida de oração, de serviço ao próximo e hoje eu devo dizer que eu sou muito feliz”.
No próximo dia 25 de janeiro a Paróquia Santa Teresinha, em Guarapuava, irá completar 65 anos de sua fundação e padre Ajay disse que admira muito a comunidade. “Portanto, tem uma longa história, uma longa missão. Hoje, eu percebo um povo muito religioso, as celebrações estão sempre cheias. O povo estima e procura os padres, procura a Igreja, procura as bençãos e sacramentos. Um povo muito participativo, seja nas pastorais ou festas, na paróquia, na diocese, e até mesmo nos eventos da congregação. Um povo que tem muito amor e devoção à padroeira Santa Teresinha”.
Padre Ajay também disse que a comunidade paroquial é muito acolhedora e missionária. “Um povo que sai e ajuda onde precisa e acolhe o outro que vem. Já tivemos aqui muitos padres estrangeiros que vieram para trabalhar, falavam línguas diferentes, com sotaques e culturas diferentes, mas aqui se sentiram em casa, foram bem acolhidos, compreendidos e ajudados”.
O sacerdote reconhece a importância da paróquia e agradece por ter dado à congregação três sacerdotes. “Uma paróquia com alma missionária, que nos deu três missionários verbitas até hoje. Padre Joãozinho, que atualmente trabalha como pároco em Nova Laranjeiras, padre Marcos, que trabalha na Hungria, e padre Reinaldo in-memoriam, que foi vigário paroquial aqui na Santa Teresinha, mas infelizmente faleceu vítima do coronavírus”.
Padre Ajay disse que agradece a Deus pela oportunidade de trabalhar na paróquia Santa Teresinha neste determinado momento da história. “Ano santo, ano jubilar e celebrar também o meu jubileu de prata de ordenação sacerdotal. Peço para que Santa Terezinha continue derramando uma chuva de rosas sobre nossa paróquia, sobre todo o povo, para levarmos adiante a missão confiada a nós. Como santo Arnaldo Jansen, fundador pai e guia da congregação do Verbo Divino, dizia: ‘o anúncio de Evangelho é a expressão mais sublime do amor ao próximo’.”
Jorge Teles com a colaboração de Arlete Bini (Pascom Santa Teresinha)