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O paraíso de Deus é o coração do ser humano

Por padre Cristovam Iubel

         O ser humano, homem e mulher, procura desde o início da sua existência um sentido para a vida. Ele sabe que não surgiu por acaso ou por acidente da natureza, e que o universo não é tão somente o resultado de uma grande explosão cósmica, o bing-bang, explosão esta que começa a ser posta em dúvida pelo telescópio James Webb. O universo, com os seus inúmeros mistérios e enigmas, fala de Alguém que está, ao mesmo tempo, nele e além dele, que é a sua origem e o seu objetivo último e absoluto.

         Contemplando tanto mistério e tanta beleza, o ser humano descobre que o universo e, dentro dele, o homem e a mulher, não existe pela junção de muitas coincidências, e sim porque alguém quis que ele existisse. Mas o que faz com que o homem e a mulher busquem insistentemente esse Alguém?

         É, sem dúvida, o desejo forte e persistente de completar-se, de sentir-se feliz, pleno e perfeito.

          Todos temos, no mais íntimo de nós, uma saudade existencial que mexe e remexe com toda a nossa vida: a saudade desse Alguém que é a nossa razão de ser e de existir. Por isso nós o procuramos todos os dias – vinte e quatro horas por dia –, quase sempre o procuramos sem consciência de que é a Ele que buscamos, já que “todo anseio humano é um anseio por Deus” (Goethe).

          Ninguém vive sem uma religião, seja ela qual for. Mesmo quando afirmamos não acreditar em nada, ainda assim sentimos que alguma coisa está faltando, e fazemos do universo e de seus encantos e enigmas a nossa “religião”.

         Todos, sem exceção, buscamos por esse Alguém, e o procuramos dia e noite. Não raro o buscamos tão desesperadamente que, encontrando-o, não o reconhecemos.

        Em resumo, estamos o tempo todo a procura de “algo” que nos complete e nos faça felizes. Esse “algo” não é uma coisa, nem muitas coisas, e sim Alguém. Esse Alguém é Deus! Só nele o coração humano se satisfaz, se completa, se realiza e é feliz.

       Então Deus quer a nossa felicidade? Sim! Deus quer a nossa felicidade. Ele não quer nem deseja a dor, o sofrimento, a degradação física, espiritual, moral e psíquica.

       Ele nos fez por amor e para o amor. O mal e o sofrimento existem porque somos limitados, não perfeitos e pecadores.

       Deus é tão “companheiro” ( A.N. Whitehead) que enviou o Filho para solidarizar-se conosco, para viver o que nós vivemos, para revelar que a sua misericórdia é maior do que as limitações e os pecados que nos fragilizam. Ou seja, ele veio para nos salvar.

    Concluamos com o Papa Francisco: “Deus ama-nos tanto que nos dá toda a sua vida. Não é um Deus que olha para nós do alto e com indiferença, mas um Pai, um Pai amoroso que se envolve na nossa história; não é um Deus que se deleita com a morte do pecador, mas um pai que se preocupa que ninguém se perca: não é um Deus que condena, mas um Pai que nos salva com o abraço benevolente do seu amor” (Papa Francisco, L’ Osservatore Romano 2709, p.6): Título do artigo: Santo Afonso de Ligório, n. 2710, p.10).

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