Sínodo dos Bispos 03 – FALANDO

Confira a síntese da terceira de dez perguntas realizadas durante os trabalhos de escuta do Sínodo dos Bispos.

Sínodo significa “caminhar juntos”. De tempos em tempos, o Papa convoca os bispos para escutar o que eles têm a dizer sobre a caminhada da Igreja em suas realidades. Para o ano de 2023, o Papa Francisco fez uma proposta diferente. Dessa vez os ouvidos não estão direcionados apenas para os bispos, mas para TODO O POVO DE DEUS. Em cada Igreja Particular do mundo, cada pessoa, independente da religião, classe social, gênero ou idade, teve a oportunidade de falar o que pensa da Igreja de hoje e o que espera da Igreja do futuro.

Na diocese de Guarapuava, esse trabalho de escuta foi realizado no primeiro semestre de 2022, e a síntese das 10 questões principais estão sendo publicadas pelos meios de comunicação da diocese, uma de cada vez. Em novembro, apresentamos a visão dos entrevistados sobre as perguntas “’Quem está falando em nome da comunidade?’,  ‘Como estamos falando?’, ‘O Que estamos falando?’ e ‘para quem estamos falando?’”. Confira:


Síntese da questão 03: FALANDO

A comunicação deve ser cultivada com base no amor, na liberdade e na verdade com simplicidade e clareza, sem ambiguidade e oportunismo. Em nossas comunidades temos vários estilos de grupos, formas de expressar, contemplar e praticar a fé.  Existem espaços e momentos para expressar opiniões, ideias e críticas em formações, porém, têm pessoas que por medo de expor sua opinião se fecham e se afastam da igreja. Algumas pessoas não deixam sua voz ecoar, porque conhecem demais e temem não serem atendidos, ou não conhecem o suficiente para se pronunciarem. Falta confiança e estar em comunhão com Deus no sentido verdadeiro e pleno, para dialogar em comunidade.

A voz da Igreja ecoa em várias dimensões desde o clero, guardião da Palavra Sagrada, cristãos leigos que exercem vocação batismal, liderando ou participando dos diversos trabalhos de evangelização dentro das comunidades. O padre, coordenadores e lideranças, são os que falam pela comunidade, por isso a importância do diálogo, da comunicação efetiva, relação de empatia, participação nas formações e reuniões, para que se possa estabelecer um elo entre lideranças e paroquianos, tornando-se uma igreja profética que anuncia o Evangelho.  Que o processo de escolha dos coordenadores e lideranças da igreja seja mais democrático, para que haja mais interação com a comunidade. Nem sempre isso ocorre, ficando muitas vezes sob a responsabilidade do padre, ou por um grupo seleto de pessoas, que pode ou não ser bom para a comunidade. Se as lideranças e coordenadores não interagem com os anseios da comunidade, dificultam assim o seu crescimento. 

Muitos são chamados, mas poucos se dispõem ao serviço na igreja. Faltam pessoas comprometidas com a Palavra de Deus, o que leva muitas vezes uma pessoa exercer várias funções deixando-a sobrecarregada e sem tempo para exercer com qualidade uma única função. Porém, as pessoas escolhidas precisam ter consciência que estão na igreja para somar, pelo seu testemunho de vida e seu trabalho e não para dividir pela discórdia, individualismo, autoritarismo e disputa de poder. Todos são convidados a falar, mas nem sempre se expressam com liberdade e autenticidade, são influenciados pelos outros ou simplesmente tem receio de falar com sinceridade por medo de magoar ou ser criticado. Não existe um impedimento de falar com franqueza e coragem. O que existe é uma falta de incentivo para que pessoas diferentes ou fora do núcleo diário das pastorais falem. 

Há um grande avanço no uso dos meios de comunicação de evangelização, proporcionando que a Palavra de Deus seja levada a todos os lugares e possibilitando alcançar aqueles que estão impedidos de vir à igreja, seja qual for a razão.  Os meios de comunicação na igreja hoje são muito importantes para a divulgação dos trabalhos desenvolvidos pela comunidade, facilitando assim a interação e a evangelização dos fiéis. No entanto, existe o lado negativo: pela praticidade as pessoas se acomodam, acompanham as celebrações pelas redes sociais e deixam de ir presencialmente. 

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