
Na tarde desta sexta-feira, 17 de outubro, o Instituto de Ação Social João Paulo II, em Guarapuava, ficou completamente lotado para um importante momento formativo promovido pela Comissão da Dimensão Sociotransformadora da Diocese de Guarapuava.
O encontro contou com uma palestra on-line do padre Dario Bossi, missionário comboniano da Congregação dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus e assessor da REPAM (Rede Eclesial Pan-Amazônica). O objetivo foi ajudar as pastorais sociais e entidades diocesanas a compreenderem melhor o significado da COP30 – Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, refletindo sobre “o que é, o que esperar desse evento e o que podemos fazer”.

Em entrevista ao radialista Tonico de Oliveira, da Rádio Cultura FM, o padre Sebastião Gulart, coordenador da Comissão Sociotransformadora, destacou a importância de envolver as comunidades nas discussões sobre o cuidado com a Casa Comum: “Interessante que nós aqui na base também estejamos por dentro do que está acontecendo, porque quem vai discutir ou decidir a questão climática não pode ser só os chefes de Estado. Quem tem que decidir e resolver isso também somos nós: os povos originários, os povos indígenas, o pessoal de matrizes africanas, tanta gente da base que é responsável por esse cuidado com a questão climática.”
Padre Sebastião destacou ainda que o encontro é apenas o início de um processo formativo mais amplo: “Nós não podemos deixar simplesmente que lá no topo eles decidam tudo sem a nossa contribuição. Cada um que está aqui, com o seu modo e sua simplicidade, vai levar algo novo. Depois serão rodas de conversa nas comunidades, nos pequenos grupos, levando adiante o que foi aprendido aqui hoje.”

Para a irmã Clotilde Bonfim, do Instituto João Paulo II, a tarde foi de aprendizado e de compromisso: “O encontro foi um momento para nós nos informarmos e sabermos mais a respeito do que é a COP30: o que vai acontecer, quem vai participar, que assuntos serão debatidos. E nós, enquanto agentes sociais e como Igreja, não podemos ficar de fora.”
A religiosa ressaltou que o tema das mudanças climáticas é, antes de tudo, uma questão de fé e de responsabilidade cristã: “Não podemos fechar os olhos diante dessa realidade nem reduzir tudo a uma questão política ou ideológica. Cuidar do planeta é uma responsabilidade de cada um de nós, de olhar para o mundo e acompanhar as discussões que acontecerão em novembro, em Belém do Pará, nesse grande evento sobre o clima.”
O diretor executivo do Instituto João Paulo II, Diogo Vilela dos Santos, afirmou que a reflexão proposta pelo padre Dario provocou uma revisão pessoal sobre o papel de cada cristão diante da crise ambiental. “Esse evento nos faz refletir sobre o nosso papel no cuidado com a Casa Comum. O padre Dario nos motivou com a pergunta: quem é responsável pelas mudanças que acontecem no planeta — os políticos, as grandes corporações ou cada pessoa que vive e atua no seu ambiente?”
Diogo destacou que a formação levou os participantes a perceberem que todos são agentes de transformação: “Cada um é responsável pela mudança que quer realizar. Podemos escolher ser agentes que causam poluição e destruição, ou agentes de cuidado e preservação. Essa é a grande reflexão.”

A participante Elisabete Nogalski, da Pastoral Carcerária, também partilhou sua percepção sobre o encontro: “A COP30 realmente vai mexer com todo mundo — líderes das nações, empresas, comunidades e cada um de nós. O padre nos fez pensar: quem decide o futuro do planeta? Será que são só os líderes mundiais ou somos todos nós?”
Para ela, as ações simples e cotidianas são sinais de esperança: “Temos esperança nas pessoas e comunidades que cuidam do planeta com pequenas atitudes — a agricultura familiar, a reciclagem, o reaproveitamento. Nessas pequenas ações, também colaboramos com o futuro do planeta.”
A reflexão promovida pela Comissão Sociotransformadora da Diocese de Guarapuava reforça o compromisso da Igreja local com a ecologia integral, tema central da encíclica Laudato Si’ do Papa Francisco. Mais do que um debate técnico, o encontro foi um chamado à conversão ecológica, ao engajamento comunitário e à ação pastoral inspirada pelo Evangelho e pelo amor à criação.