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Encontro em Foz do Iguaçu refletiu sobre a família à luz da Amoris Laetitia

A cidade de Foz do Iguaçu acolheu, entre os dias 17 e 21 de setembro, dois importantes encontros promovidos pela Igreja Católica no Paraná. A primeira parte da programação foi a Assembleia dos Bispos do Regional Sul 2 da CNBB, realizada do fim da tarde de quarta-feira (17) ao meio-dia de sexta-feira (19). Na sequência, iniciou-se o encontro dos bispos com coordenadores diocesanos da Ação Evangelizadora, da Pastoral Familiar e outras lideranças, sob o tema: “Conversa Sinodal e Propostas Pastorais inspiradas na Amoris Laetitia: um olhar sobre o cuidado com as famílias.”

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O professor doutor Diogo Pessoto, da diocese de São José dos Pinhais, conduziu a reflexão central do encontro: “A perspectiva antropológica segundo a Exortação Apostólica do Papa Francisco.” O estudo foi desenvolvido em três momentos, entre a tarde de sexta-feira e a manhã de sábado.

Foto: Alice Oliveira

No sábado, quatro painéis abordaram diferentes dimensões da exortação apostólica. O arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo, tratou sobre a misericórdia na Amoris Laetitia. Em seguida, o bispo auxiliar de Curitiba, Dom Reginei José Módolo (Dom Zico), falou sobre a consciência moral. O bispo de Foz do Iguaçu, Dom Sérgio de Deus Borges, apresentou as implicações canônicas do capítulo VIII do documento. Encerrando a série, o bispo de Ponta Grossa, Dom Bruno Elizeu Versari, destacou “a importância de uma Igreja que acolhe todas as famílias, em suas diversas realidades.”

Conversa espiritual e discernimento

No domingo, a Santa Missa foi presidida pelo arcebispo de Londrina e presidente da CNBB Sul 2, Dom Geremias Steinmetz. Após a celebração, os participantes foram divididos em 13 grupos para um momento de conversa espiritual, método sinodal que anima o discernimento comunitário.

Padre Valdecir Badzinsk

O secretário regional, padre Valdecir Badzinski, explicou a dinâmica em três etapas: “A escuta ativa, a escuta receptiva e a partilha daquilo que mais tocou profundamente no grupo. A escuta está no centro do processo sinodal: é uma escuta partilhada, porque uma Igreja sinodal é uma Igreja que escuta.”

Ele destacou ainda a atitude exigida desse exercício: “A conversa espiritual exige que sejamos capazes de colocar de lado as nossas próprias ideias ou opiniões e de nos abrirmos. Exige estarmos dispostos a concentrar a atenção no outro, no irmão, na irmã, e na vontade do Espírito por meio de todo o grupo.”

Segundo padre Valdecir, as três etapas — chamadas de “rondas” — resultam em uma síntese comum: “Essa síntese, fruto do consenso do grupo, é então partilhada no grupo maior, que chamamos de plenária. Quando se apresentam os resultados de todos os grupos na plenária, toda a assembleia reconhece que foi o Espírito quem os guiou.”

Dom Amilton Manoel da Silva

Ao final, sob a coordenação de Dom Amilton Manoel da Silva, bispo de Guarapuava, as reflexões dos 13 grupos foram organizadas em uma síntese única, que orientará a ação pastoral das dioceses do Paraná. Para Dom Amilton, o resultado foi animador: “O resultado agora traz pistas de ação para todas as nossas dioceses e particularmente para o nosso Regional como um todo. Percebemos uma comunhão de ações, de reflexões e a centralidade. A Amoris Laetitia, que celebrará 10 anos, e a Familiaris Consortio, exortação do Papa João Paulo II sobre a família cristã publicada há mais de três décadas, continuam muito atuais e oferecendo respostas. Nós precisamos sentar mais, conversar mais, refletir, escutar o Espírito, tomar decisões e agir em nossas dioceses. Todos os que estão saindo dessa assembleia estão otimistas, esperançosos. O Ano da Esperança é esperançar, e muitas coisas boas virão em nossas dioceses a partir desse momento formativo.”

Ao avaliar os trabalhos do encontro, o arcebispo de Londrina e presidente da CNBB Sul 2, dom Geremias Steinmetz, destacou a importância da síntese final elaborada pelos grupos. “A síntese, poderíamos dizer assim, ela é de fato do trabalho desde a primeira hora de sexta-feira até agora. Foi uma caminhada verdadeiramente em busca de uma síntese, em busca também de uma consciência maior do que significa pastoral familiar, e muito especialmente a grande contribuição que o Papa Francisco deu para a Igreja através da exortação pós-sinodal Amoris Laetitia.”

Dom Geremias resumiu os principais pontos convergentes do encontro em três aspectos fundamentais: “Primeiro, escutar e acolher todas as famílias, com atenção especial às novas uniões. Portanto, traz aí um grande problema das famílias de hoje por questões, às vezes, pastorais, doutrinais, culturais e assim por diante, mas que é um campo onde a Igreja pode avançar com tranquilidade e com energia.”

Em seguida, destacou a necessidade de investir na formação: “O segundo ponto é formar agentes e lideranças, qualificando o serviço pastoral. Todos precisam ser qualificados: desde os bispos nas suas opções, os padres na sua formação e dedicação pastoral, e também o laicato, porque a grande questão é justamente conseguirmos formar um laicato que responda às situações tão diversas que as famílias enfrentam.”

Por fim, apontou a urgência de integrar a pastoral familiar em toda a vida eclesial: “O terceiro ponto é promover a transversalidade da pastoral familiar em comunhão com toda a Igreja. Famílias melhor constituídas, mais aceitas entre si e bem instruídas certamente são uma contribuição para a Igreja como um todo. Serão pessoas mais qualificadas, saudáveis no sentido humano, psicológico e até mesmo econômico. Portanto, um grande benefício para a Igreja, para as comunidades e para a humanidade.”

Impressões dos participantes

A riqueza do encontro também se revelou nos testemunhos de quem participou.

Para Solange Schila, coordenadora nacional da Pastoral Familiar ao lado do marido Alisson, que reside em Dourados (MS), o evento foi marcante: “Para nós é uma alegria servir a família e hoje, de maneira especial, viver aqui junto com o Regional Sul 2 esse momento importante de reflexão, de partilha e de provocações que nos traz a exortação apostólica Amoris Laetitia nesse cuidado com as famílias.”
O casal Milene e Cloves Angeleli, coordenadores da Pastoral Familiar no Regional Sul 2, reforçou a relevância da partilha: “A realidade da família paranaense está sendo colocada hoje aqui, as realidades que nós temos dentro da Igreja e aquilo que podemos estar trabalhando enquanto Pastoral Familiar na evangelização das famílias, onde e na realidade em que elas se encontram. Para nós foi gratificante poder participar desse momento, junto com os padres e bispos do nosso Regional, discutindo a família em todo o seu contexto.”

Padre Celmo Suchek de Lima, da Diocese de São José dos Pinhais, avaliou: “Esse encontro nos ajuda a rever a caminhada já realizada e também tantos passos que ainda precisamos discernir. Mais do que dar respostas, o que importa é acompanhar, cuidar e valorizar o maior tesouro que temos: as famílias. Valeu o encontro? Não apenas valeu, ele foi necessário.”

O leigo Valdir Godoy, da diocese de Apucarana, destacou: “É uma alegria imensa participar deste encontro sinodal com todos os bispos do Paraná. Para nós, que estamos à frente da Pastoral Familiar, isso é um aprendizado e uma motivação para acolhermos ainda mais as famílias, inclusive as que vivem novas uniões, porque todos precisam estar dentro da Igreja.”

Da diocese de Guarapuava, o padre Marcos Rogério, coordenador da Pastoral Familiar, frisou: “O objetivo do encontro é, em primeiro lugar, redescobrir os desafios da família e buscar soluções. Depois de 10 anos da publicação da Amoris Laetitia, traçamos metas e perspectivas de ações, sobretudo para acompanhar os casos mais difíceis das famílias, os desafios concretos do dia a dia.”

Joari da Silva, da Diocese de Toledo, resumiu: “O que ficou claro neste encontro foi a importância de acompanhar, acolher e caminhar juntos, dando atenção a todas as famílias.”

Já o padre Vagner José Raitz, da diocese de Palmas-Francisco Beltrão, concluiu: “A alegria de um encontro como esse é reencontrar amigos e sonhar juntos. Precisamos alargar o tema da pastoral familiar para além de um grupo específico, tornando-o transversal em toda a ação evangelizadora da Igreja.”

Jorge Teles – Jornalista Diocese de Guarapuava

LITURGIA DIÁRIA

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