
A preocupação com a ecologia e o cuidado com a Casa Comum vêm ganhando força dentro da Igreja Católica, impulsionados pela encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco.
Em nossa diocese, essa consciência se concretiza por meio da Pastoral da Ecologia Integral (PEI), que foi implantada inicialmente na Paróquia Sant’Ana, em Laranjeiras do Sul, e agora também na Paróquia Santos Anjos. À frente dessa missão está Terezinha Penafiel (Tere), leiga engajada há quase 30 anos na Renovação Carismática Católica e Ministra da Eucaristia, que compartilhou sua trajetória e os desafios dessa iniciativa.
Uma pastoral que nasce do compromisso com a fé
Tere conta que seu envolvimento com a ecologia vem de sua vivência na comunidade São Francisco de Assis, onde aprendeu que a fé se expressa não apenas em palavras, mas também em ações concretas.
“Quando vamos a celebração da Missa, Jesus Palavra Viva entra em nosso coração e nós precisamos sair com atitudes de evangelização, senão nós só participamos na missa e não Celebramos”, disse.
Foi com esse espírito que, em 2023, surgiu a ideia de implantar a Pastoral da Ecologia Integral, dando início a projetos como uma horta comunitária na Paróquia Sant’Ana e o plantio de árvores nativas em todas as capelas da comunidade.
Outro destaque foi o projeto “Igreja em Missão: Dengue em Extinção”, que mobilizou fiéis para a conscientização sobre a reciclagem e o descarte correto de resíduos, visando a eliminação de criadouros do mosquito transmissor da dengue.
“Ao elaborarmos o projeto vimos que segundo os dados do IBGE, o número de pessoas que se declaram católicos é superior a 80%, então como Igreja Católica precisávamos contribuir para que o mosquito transmissor fosse eliminado. Cuidamos de nós e do próximo”, explicou Tere.
A iniciativa envolveu catequizandos e diversas comunidades em uma gincana ecológica, promovendo a coleta de recicláveis e premiando os grupos mais engajados.
A missão da Pastoral da Ecologia Integral
Inspirada na Laudato Si’, a pastoral tem como missão promover a consciência ecológica, combater o desperdício, incentivar a reciclagem e a economia solidária, além de defender a biodiversidade e estimular ações comunitárias, como mutirões de limpeza e reflorestamento. Segundo Tere, para implantá-la, basta a boa vontade de pessoas dispostas a fazer a diferença:
“Se houver alguém com desejo de cuidar da Casa Comum, já é possível começar pequenas ações, e, aos poucos, toda a comunidade se envolve.”

Na Paróquia Santos Anjos, onde a pastoral foi iniciada em 2024 com o projeto “Igreja Doméstica em Ação”, já foram realizadas campanhas como o “Dia do Descarte Correto” e a coleta de tampinhas plásticas com a catequese. Para 2025, a pastoral se prepara para intensificar suas atividades alinhadas com o tema da Campanha da Fraternidade, que abordará a Ecologia Integral.
Entre as iniciativas planejadas estão o estudo da encíclica Laudato Si’ com crianças e adolescentes, plantio de flores e árvores, além de um trabalho contínuo de conscientização sobre a separação e destinação correta do lixo nas comunidades.
Expansão da pastoral e parcerias
A mobilização em torno da ecologia não se restringe apenas a algumas paróquias. Outras comunidades da diocese já manifestaram interesse em aderir à pastoral, e algumas paróquias iniciarão a instalação de coletores de lixo seletivo ainda neste ano. Entre elas estão as paróquias São Pedro e São Paulo, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Aparecida (Reserva e Laranjeiras do Sul), Nossa Senhora do Monte Claro (Virmond) e São Pedro (Nova Tebas), entre outras. “Estou à disposição para auxiliar, podem entrar em contato pelo WhatsApp 42- 9 9953-6919”.
A Pastoral da Ecologia Integral também tem buscado parcerias com órgãos públicos, associações e universidades para fortalecer suas ações. Em Laranjeiras do Sul, por exemplo, a iniciativa já contou com o apoio do comércio local, Rotary e prefeitura municipal e universidades. Na Paróquia Santos Anjos, em Guarapuava, a prefeitura, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, e a Associação de Catadores também têm colaborado. Para o futuro, a intenção é envolver novos parceiros, como a Polícia Ambiental e outros órgãos governamentais.
Desafios e conscientização: um chamado à ação
Apesar do crescimento da pastoral, Tere destaca que um dos maiores desafios ainda é a falta de informação e conscientização ambiental. Muitas pessoas não percebem o impacto de ações simples, como o descarte inadequado de lixo ou o desmatamento.
“Diante de tudo que temos visto no Brasil e no mundo – tornados, tempestades, incêndios, secas, alagamentos –, como cristãos, filhos amados de um Deus que tudo fez por amor, precisamos mudar nossas atitudes com o meio ambiente e cuidar mais da nossa casa comum.”
Ela reforça que o conhecimento da Laudato Si’ é essencial para despertar essa consciência, especialmente entre os mais jovens. Por isso, a pastoral tem incentivado estudos sobre a encíclica nas paróquias, catequeses e grupos de fiéis.

Campanha da Fraternidade e o compromisso da Igreja
O tema da Campanha da Fraternidade de 2025, que abordará a Ecologia Integral, representa uma grande oportunidade para ampliar essa reflexão dentro da Igreja. Tere ressalta que a responsabilidade com o meio ambiente deve ser assumida por todos – não apenas pelos órgãos públicos, mas por cada fiel em sua rotina diária.
“Como Igreja, precisamos falar mais sobre isso e desenvolver mais ações, como estudar os documentos da Igreja, participar dos conselhos ambientais e promover campanhas de conscientização dentro das paróquias, como a questão da separação e destinação correta do lixo nas festas paroquiais.”
A mensagem final da pastoral é clara: cuidar da Casa Comum é um compromisso de fé. E a Pastoral da Ecologia Integral surge como um caminho concreto para tornar essa responsabilidade uma realidade viva nas comunidades.
“Precisamos cada um fazer a nossa parte, assumir a nossa responsabilidade, não ficar esperando que os órgãos públicos façam o que é de responsabilidade nossa. Cuidar da casa comum é responsabilidade de todos nós e reciclar é tarefa de todos, todos os dias”, finalizou.