A Jornada Mundial dos Pobres acontece no Brasil de 10 a 17 de novembro. A data que foi estabelecida pelo Papa Francisco já está na VIII edição sendo uma oportunidade para o exercício da solidariedade e aproximação das realidades de vida mais vulneráveis.
Em Guarapuava a Cáritas Diocesana Nossa Senhora de Belém envolve-se na problemática da pobreza buscando promover e fortalecer iniciativas locais e territoriais para o bem viver de forma inclusiva reconhecendo o protagonismo dos excluídos e excluídas.
De acordo com secretária da Cáritas, Suzete Terezinha Orzechowski, a entidade também atua na defesa e promoção de direitos e controle social de políticas públicas, na promoção da vida humana, na defesa e promoção da socio-biodiversidade e busca construir no seu dia a dia o projeto de sociedade solidária e sustentável.
Segundo Suzete são muitas as necessidades das pessoas que vivem em situação de pobreza em nossa diocese e que deixam marcas visíveis e prejuízos ao desenvolvimento humano, mental, intelectual, cognitivo, corporal, físico, emocional, intrarelacional, interpessoal, social, ético, moral e espiritual.
Essas necessidades vão desde a falta de condições básicas como o saneamento e moradia digna, de emprego e acesso a renda que supra todas as necessidades básicas da família, falta de alimentação adequada em quantidade suficiente e de qualidade, falta de regularização fundiária urbana e rural entre outras.
Essas e outras necessidades acarretam, entre outras coisas, no êxito rural e urbano, em trabalho informal fazendo com que as famílias sobrevivam com os programas de transferência de renda ou benefícios de prestação continuada da assistência social e encontrem dificuldade de utilização dos serviços de saúde. Também as pessoas em situação de pobreza estão mais vulneráveis ao analfabetismo, baixa escolarização, abandono, evasão ou defasagem escolar, negligencias, violação de direitos em especial de crianças, adolescentes, idosos e mulheres.
Da mesma forma os mais pobres e vulneráveis estão mais sujeitos a fome, insegurança alimentar e nutricional, ao aparecimento de doenças causadas pela falta de alimentação adequada, além do perigo aos diversos tipos de violência: “autoinfligida” e interpessoal – física, psíquica, sexual, moral, patrimonial.
Em entrevista à Assessoria de Comunicação da Diocese de Guarapuava, Susete e a vice-presidente Lucineri Vandresen Schuaigert, esclareceram outros pontos:
ASCOM – Quais são as maiores dificuldades encontradas pela Igreja e pelos voluntários ao trabalhar com populações em situação de vulnerabilidade?
CÁRITAS DIOCESANA–
- – Devido a situação de marginalização, estigmatização e necessidades emergenciais, as famílias muitas vezes abandonam suas bases/raízes cristãs e cresce o vazio que impacta nos vínculos com a religião e vão em busca de acolhimento e soluções imediatistas para problemas diversos, dispersando-se no seguimento de diversas religiões/igrejas ao mesmo tempo;
- – Marcas de ações assistencialistas, sem atividades continuas. A inexistência de planejamento sem colocar o ser humano no centro, como protagonistas das transformações necessárias. Sem ações que promovam a dignidade do bem viver com os pobres;
- – A culpabilização dos pobres e a falta de análise crítica sobre os contextos político e econômico. Falta de distribuição das riquezas, bens e serviços para a melhoria da vida com qualidade básica;
- – Resistências as exigências legais e aos mecanismos de controle social transborda na falta de formação continuada voltada para ações especificas de caridade, acolhimento, respeito e promoção de ações efetivas com as pessoas mais pobres;
- – Escassez de recursos e corporativismo entre as organizações de atendimento a pobreza. Particularmente cada uma defende seus objetivos e metas (até mesmo com alinhamentos a política partidária), com a perca do foco na busca de mecanismos que garante do bem comum e o bem viver entre todos os povos;
- – E precisamos de mais agentes caritas que desejosos de fazer a caridade acontecer em cada paróquia e em cada comunidade possa participar do plano de Deus para que todos tenham vida e vida em abundância.
“A oração, por conseguinte, encontra o certificado da sua autenticidade na caridade que se transforma em encontro e proximidade. Se a oração não se traduz em ações concretas, é vã; efetivamente, «a fé sem obras está morta» (Tg 2, 26). Contudo, a caridade sem oração corre o risco de se tornar uma filantropia que rapidamente se esgota.” ( Papa Francisco, 2024)
ASCOM – Como a Cáritas se envolve nessas situações (pobreza) – o que procura desenvolver?
CÁRITAS DIOCESANA:
- – Promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais de desenvolvimento solidário e sustentável;
- – Defesa e promoção de direitos e controle social de políticas públicas;
- – Promove a vida humana; Defesa e promoção da socio-biodiversidade;
- – Construir no seu dia a dia o projeto de sociedade solidária e sustentável, bem viver de forma inclusiva;
- – Cultiva a democracia participativa;
- – Reconhece o protagonismo dos excluídos e excluídas;
- – Promove a cultura da solidariedade e as relações igualitárias de gênero, raça, etnia e geração;
- – Acolhe uma mística e espiritualidade libertadora;
- – Está aberta ao ecumenismo e ao diálogo inter-religioso e intercultural;
“Da pobreza, portanto, pode brotar o canto da mais genuína esperança.” (Papa Francisco, 2024)
ASCOM – Que mensagem deixam para aqueles que desejam fazer a diferença, mas não sabem por onde começar?
CÁRITAS DIOCESANA: –
“Testemunhar e anunciar o Evangelho de Jesus Cristo, defendendo e promovendo toda forma de vida e participando da construção solidária da sociedade do Bem Viver, sinal do Reino de Deus, junto com as pessoas em situação de vulnerabilidade e exclusão social” é a missão da Cáritas Brasileira.
Desde a sua fundação, a Cáritas tem a prática de ouvir respeitosamente o sofrimento dos empobrecidos e dos que estão em situação de vulnerabilidade e favorecer ferramentas para transformar suas vidas.
Lembrando o Papa Francisco em sua mensagem para esse dia 17 de novembro de 2024
”A violência causada pelas guerras mostra claramente quanta arrogância move aqueles que se consideram poderosos aos olhos dos homens, enquanto aos olhos de Deus são miseráveis. Quantos novos pobres produz esta má política das armas, quantas vítimas inocentes! Contudo, não podemos recuar. Os discípulos do Senhor sabem que cada um destes “pequeninos” traz gravado em si o rosto do Filho de Deus, e que a nossa solidariedade e o sinal da caridade cristã devem chegar até eles. «Cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para poderem integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 187).”
Por isso precisamos continuar nosso caminho na caridade e em prol da justiça social iluminada pelo Espirito Santo. E, conclamamos a nossa diocese de Nossa Senhora de Belém a fazer seu gesto concreto em cada paroquia e em cada comunidade conforme o seu potencial e sua boa vontade, Amém.