Artigo do padre André Ricardo Santos Lima,
pároco da paróquia Nossa Senhora Imaculada Conceição, de Palmital (PR)
Primeiramente é preciso lembrar e enfatizar que a Liturgia da Missa é composta por dois grandes momentos: a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística.
A Liturgia da Palavra inicia com a proclamação da primeira leitura e termina com as preces dos fiéis. A Liturgia Eucarística inicia com a apresentação das oferendas e termina com a oração depois da comunhão. Antes da liturgia da palavra e depois da liturgia eucarística existem alguns ritos que preparam, antecedem e finalizam essas duas grandes partes da Santa Missa.
Geralmente, cantos, procissões, saudação à Trindade, ato penitencial e glória; e finalizando a missa, a benção, reverência ao altar e procissão. Para que essas duas liturgias aconteçam nós temos em todas as igrejas um espaço apropriado a cada uma delas.
Em todas as Igrejas temos a Mesa da Palavra e a Mesa da Eucaristia. Chamamo-las também de Ambão e Altar. O Ambão é um móvel fundamental para a proclamação da Palavra de Deus. É o lugar da comunicação de Deus com seu povo e do povo com Deus! Pois Ele nos fala através das leituras, salmos e Evangelhos e nós falamos através da ladainha ou da prece dos fiéis. O termo Ambão vem da palavra grega anabáino que significa lugar elevado. Deve sempre estar num lugar destacado, visível e deve ser um móvel bonito que expresse realmente um lugar de encontro e comunicação com Deus. Nas Instruções Gerais do Missal Romano (IGMR) não há uma determinação oficial do lado ou da posição que o ambão deva ser colocado, se à direita ou esquerda do altar, no entanto, orienta: “A dignidade da Palavra de Deus requer que haja na Igreja um lugar adequado para a sua proclamação e para o qual, durante a liturgia da palavra, convirja espontaneamente a atenção dos fiéis”. Sendo assim, não há obrigatoriedade quanto ao posicionamento do ambão mas sim que esteja num lugar oportuno e visível.
Em muitas igrejas o ambão fica à esquerda do altar e da assembleia. O ambão significa o sepulcro vazio!
Sim, Cristo ressuscitou, o sepulcro está vazio, e foi sobre o sepulcro vazio que o anjo anunciou a ressurreição de Nosso Senhor. Em algumas igrejas, anteriormente ao Concílio Vaticano II, e atualmente em algumas igrejas, sobretudo rurais, as mulheres sentam-se no lado esquerdo da assembleia sendo assim, o ambão é colocado à esquerda para lembrar que a ressurreição foi anunciada primeiramente às mulheres que foram ao túmulo de madrugada.
Mas é somente uma simbologia e inspiração, não é obrigatório que esteja à esquerda, mas sim, em um bom lugar. Lembro aqui que é permitido proclamar do Ambão da palavra somente o que se refere à Liturgia da Palavra: 1ª leitura, Salmo, 2ª leitura, sequência (nas solenidades), Evangelho, homilia e as preces ou ladainha.
Os comentários, avisos, intenções e outros discursos fora da liturgia da palavra devem ser feitos em outro local, geralmente uma estante fora do presbitério e bem simples para não ter a mesma dignidade e simbologia do ambão. Podemos chamar o local da proclamação da Palavra de Deus de Ambão ou Mesa da Palavra, mas não podemos chamar de púlpito; este é um outro móvel já em desuso na maioria das igrejas, onde o sacerdote subia uma escada na lateral da igreja de lá fazia somente a homilia ou pregação.
Na sua comunidade ou paróquia motive uma maior dignidade do ambão através do estudo deste artigo ou de outros documentos oficiais da Igreja sobre liturgia. É preciso que seja cada vez mais simbólico, digno e honrado esse local onde Deus fala conosco. Seja belo, de material digno, artisticamente confeccionado e extremamente simbólico o Ambão da Palavra nas nossas igrejas, pois é o lugar do anúncio da Boa Nova e da Ressurreição de Nosso Senhor!