
Entre os dias 28 e 31 de outubro, os seminaristas do Seminário Diocesano Nossa Senhora de Belém, de Guarapuava, que cursam a etapa do Propedêutico, participaram de um simpósio sobre Edith Stein na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Curitiba. A atividade proporcionou não apenas aprendizado teórico, mas também momentos intensos de reflexão pessoal, espiritualidade e crescimento humano.
“O simples é o essencial”

O seminarista Erik Vitor Ribeiro dos Santos destacou que a experiência foi muito mais profunda do que uma simples viagem de estudos. “Foi uma experiência que reuniu muito mais do que turismo, mas sobretudo o conhecimento. A cidade me ofereceu momentos culturais, espirituais e emocionais importantes. As visitas e espaços culturais, igrejas e parques me ajudaram a reconectar com o silêncio e com a alegria de conhecer novos lugares.”
Para ele, o simpósio foi um tempo de introspecção e redescoberta, onde o contato com a filosofia de Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) trouxe luz sobre o sentido do sofrimento e da fé. “A alma deve se entregar nas trevas da fé, onde começa a verdadeira vida eterna. É necessário viver uma experiência pessoal do divino”, recordou, citando a conferência ministrada pela professora Dra. Ursula.
Erik também refletiu sobre o valor da dor como caminho de amadurecimento interior: “A dor é essencial na procura do sentido. O sofrimento nunca é um fim em si mesmo, mas um caminho necessário para a transformação interior. Nesse caso, a noite se transforma em luz interior para guiar a alma.”
Encerrando seu testemunho, o seminarista resumiu: “Foi um tempo de refletir e perceber que, às vezes, o simples é o essencial. O simples fato de sair da rotina é o que precisamos para nos reencontrar interiormente. Por tudo, Deus seja louvado! ‘Quem procura a verdade procura Deus, ainda que não o saiba.’ (Edith Stein)”.
“Reencontrar-se como criança diante de Deus”

O seminarista Pedro Lucas Barros Azevedo também compartilhou sua experiência, descrevendo o simpósio como uma verdadeira imersão espiritual e mística. “Cada visita, cada lugar novo que visitava, cada igreja e cada parque era sempre uma emoção diferente. A cada lugar visitado era um mini sonho realizado. Em alguns momentos, eu me sentia uma criança — e retornar a esse estado infantil foi primordial para recomeçar algumas etapas e evoluir em conhecimento, sobretudo sobre mim mesmo.”
Pedro Lucas destacou que o simpósio foi mais do que um evento acadêmico, tornando-se uma vivência espiritual: “O simpósio de Edith Stein não foi apenas uma exposição teórica, mas uma exposição mística, uma união com Deus, à qual acessamos sempre que nos deleitamos sobre o conhecimento que Ele nos deixou e sobre nós mesmos.”
Outro momento marcante foi a vista panorâmica da cidade de Curitiba: “Subimos a uma torre e conseguimos ver a imensidão da cidade. A reflexão era: ‘O ser humano fez tudo isso’. Battista Mondin dizia que a nossa época é a que mais conhece e, ao mesmo tempo, menos conhece o ser humano. Edith Stein sabia disso: a imensidão de Deus habita em nós, e mesmo tendo universos internos, é necessário se esforçar para este encontro, isto é, viver uma transcendência.”
Formação integral e espiritualidade viva
A participação dos seminaristas no simpósio sobre Edith Stein reforça o compromisso da formação sacerdotal com a busca do conhecimento unido à vida espiritual, inspirando um olhar humano, orante e reflexivo diante da realidade.
A figura de Edith Stein — filósofa, santa e mártir — continua a inspirar gerações na busca pela verdade que conduz a Deus, especialmente aqueles que, como os seminaristas, se preparam para servir à Igreja com mente e coração abertos ao mistério divino.
Quem foi Edith Stein
Edith Stein (1891-1942) nasceu em uma família judaica na Alemanha e se tornou uma das maiores filósofas do século XX. Discípula de Edmund Husserl, foi uma das primeiras mulheres a conquistar o doutorado em Filosofia. Após uma intensa busca pela verdade, converteu-se ao catolicismo ao ler a autobiografia de Santa Teresa d’Ávila. Ingressou no Carmelo de Colônia, assumindo o nome de Irmã Teresa Benedita da Cruz.
Durante a Segunda Guerra Mundial, foi presa pelos nazistas por sua origem judaica e deportada para o campo de concentração de Auschwitz, onde morreu mártir da fé. Foi canonizada por São João Paulo II em 1998 e proclamada co-padroeira da Europa, sendo lembrada como mulher de fé, razão e coragem — exemplo luminoso de quem fez da busca pela verdade o caminho para Deus.

Os relatos dos seminaristas na íntegra
“Entre os dias 28 e 31 de outubro estive em Curitiba (junto com meus irmãos propedeutas), e foi uma experiência que reuniu muito mais do que turismo, mas sobretudo o conhecimento. A cidade me ofereceu momentos culturais, espirituais e emocionais importantes. As visitas e espaços culturais, igrejas e parques me ajudaram a reconectar com o silêncio, mas também, à alegria de conhecer novos lugares.
Acredito que foi um momento de desacelerar e favorecer a introspecção para um olhar humano sobre mim mesmo e para com os outros.
O conhecimento profundo nos ajuda a compreender a complexidade do ser humano e os modos de vivência. Destaco a primeira conferência ministrada pela Dr. Ursula. Em paráfrase com sua fala: A alma deve se entregar nas trevas da fé, onde começa a verdadeira vida eterna.
É necessário viver uma experiência pessoal do divino. Precisamos mergulhar em um amor, que não é mero sentimento, mas um abandono total a uma vontade divina, permitindo ser guiada exclusivamente por Ele. Nada tem de romântico em tudo isso, mas Deus é exigente através da alma, para que mergulhe em sua profundidade total (exige sacrifício).
A alma sente uma “secura” (deserto), mas esse é o estado de purificação que precisa ser sentido. A dor é essencial na procura do sentido (a busca de um sentido sempre exige em si mesmo a busca do próprio conhecimento). O sofrimento nunca é um fim em si mesmo, mas um caminho necessário para a transformação interior. Nesse caso, a noite se transforma em luz interior para guiar a alma do indivíduo.
Enfim, foi um tempo de refletir e perceber que, às vezes, o simples é o essencial! O simples fato de sair da rotina é o que precisamos para nos reencontrar interiormente.
Por tudo, Deus seja louvado! – “Quem procura a verdade procura Deus, ainda que não o saiba”. (Edith Stein).”
Erick
“Bom, minha experiência foi surpreendente! Cada visita, cada lugar novo que visitava, cada igreja e cada parque era sempre uma emoção diferente. A cada lugar visitado era um mini sonho realizado.
Comentei com meus irmãos em alguns momentos que eu me sentia uma criança, e de fato, retornar a esse estado infantil foi primordial para começar, ou melhor, recomeçar algumas etapas e evoluir em conhecimento, sobre tudo, sobre mim mesmo.
O simpósio de Edith Stein não foi apenas uma exposição teórica, mas sim uma exposição mística, uma união com Deus a qual acessamos sempre que nos deleitamos sobre o conhecimento que ele nos deixou e sobre nós mesmos até chegar à partícula divina que nos habita.
Uma das coisas que mais me marcou, foi quando subimos em uma torre de Curitiba, e conseguimos ter uma vista panorâmica da cidade e ver aquela imensidão. A reflexão era: “O ser humano fez tudo isso”
Battista Mondin diz que a nossa época é a que mais conhece e ao mesmo tempo menos conhece o ser humano.
E Edith Stein sabia disso, a imensidão de Deus habita em nós, e mesmo tendo universos internos e desconhecendo o que o ser humano é capaz, é necessário se esforçar para este encontro que ele mesmo nos permite, isto é, viver uma transcendência!“
Lucas





